terça-feira, fevereiro 13, 2007

Enamoramento

O Contador de Histórias assinala o dia dos Namorados com o recital de poesia: "Enamoramento, amor e outras coisas". Um espectáculo dedicado à temática do amor, nas suas diversas vertentes, recorrendo aos mais diversos estilos literários.
Do "Cântico dos cânticos de Salomão" ao actualíssimo "Acto sexual" de Natália Correia, a sessão conjuga o verbo Amar nas suas mais diversas possibilidades. Não é por isso de estranhar de que, a par do mais óbvio amor entre homem e mulher, se encontrem outras referências, presentes nos sentimentos de filho para pai (José Luís Peixoto), pelo país (Jorge Sousa Braga), pela natureza (Alberto Caeiro) ou pela própria poesia (Eugénio de Andrade).
O espectáculo é sempre diferente e imprevisto, uma marca distintiva do Grupo. A ironia a irreverência podem desconcertar os menos atentos, levados a rir com o humor de Mário Cesariny, Alberto Pimenta ou Mário-Henrique Leiria, que também abordaram o sentimento amoroso, à luz do surrealismo.
No Dia dos Namorados, Filipe Lopes apresenta estes textos na Biblioteca Municipal Bento Jesus Caraça, na Moita, às 16h30, com entrada livre. O espectáculo segue depois para o Algarve, com sessões no dia 15, às 21h30, na Galeria de Arte Praça de Mar, em Quarteira, e no dia 16, no mesmo horário, na Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner, em Loulé.

Imprescindível o texto de Pablo Neruda:

Quando morrer quero essas mãos nos meus olhos:
quero a luz e o trigo das tuas mãos amadas
passando uma vez mais em mim sua frescura:
sentir a suavidade que mudou meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, dormindo, te espero,
quero que os teus ouvidos fiquem ouvindo o vento,
que cheires o aroma do mar que amamos ambos
e fiques pisando a areia que pisamos.

Quero que tudo o que amo fique vivo,
E a ti amei e cantei sobre todas as coisas,
Por isso fica tu florescendo, florida,
Para que alcances tudo o que este amor te
ordena,

Para que esta sombra corra o teu cabelo,
Para que assim conheçam a razão do meu
canto.

In “Antologia Breve” de Pablo de Neruda