quarta-feira, outubro 12, 2005

Cendrev e Teatro de Marionetas do Porto no Norwich Puppet Theatre


Os Bonecos de Santo Aleixo do Cendrev e o espectáculos "Dom Roberto" e "Miséria" do Teatro de Marionetas do Porto vão ser apresentados no Norwich Puppet Theatre, no âmbito do Norwich International Celebration of Puppet Theatre, um evento que marca o 25º aniversário daquele teatro britânico.

O Centro Dramático de Évora apresenta os Bonecos de Santo Aleixo no dia 23, pelas 14h30, levando a técnica das marionetas alentejanas àquele palco exclusivamente destinado ao teatro de marionetas e às formas animadas. Esta apresentação tem como objectivo divulgar este modo popular de fazer teatro de marionetas. Nos Bonecos de Santo Aleixo, o lugar da representação é o retábulo, uma estrutura construída em madeira e tecidos floridos e que reproduz um palco tradicional em miniatura com pano de boca, cenários pintados em papelão e iluminação própria (candeia de azeite). Os Bonecos são realizados em madeira e cortiça, medem entre 20 e 40 centímetros de altura e são vestidos com um guarda-roupa que permite, como no teatro naturalista, identificar as personagens da fábula contada. A música (guitarra portuguesa) e as cantigas são executadas ao vivo. Os textos, transmitidos oralmente, resultam de uma fusão entre a cultura popular e uma escrita erudita.

No mesmo dia, o teatro de Marionetas do Porto, apresenta dois espectáculos assentes em princípios diversos: "Miséria", que expõe a técnica da manipulação à vista, técnica frequentemente explorada por esta companhia, e "Dom Roberto", assente na técnica do teatro português de fantoches. "Miséria" baseia-se num conto popular que gira em torno de um pobre ferreiro que engana a Morte e que é condenado à eternidade. "Dom Roberto" é um espectáculo que procura recuperar as antigas formas do teatro de fantoches, cuja principal característica está na importância da palavra “Roberto”: a sua sonoridade, ou seja, a utilização, pelo fantocheiro, de uma palheta colocada na boca que serve para amplificar a voz e produzir efeitos sonoros notáveis. Este pequeno “truque” limita consideravelmente o número de sons que é possível produzir, originando a adopção de um vocabulário próprio, baseado sobretudo em palavras cujas consoantes se formam no palato, nomeadamente os “rrr`s”.