quarta-feira, agosto 03, 2005

Três anos nos hospitais...

Já lá vão três anos. Parece que foi ontem que entrei na Casa da Criança, em Tires, para a primeira acção pela Fundação do Gil.

Como aprendiz (muito, muito aprendiz naquela altura) de contador, lá fui, sem saber muito bem no que me estava a meter. A “culpa” foi da Mafalda Milhões que já andava há uns tempos a correr os hospitais e que apresentou O Contador de Histórias à Fundação, na altura a dar os primeiros passos com a Hora do Conto.

Lembro-me bem daquela manhã de sábado, com a Conceição a acompanhar-me, uma sala cheia de crianças irrequietas, de variadíssimas idades, filhos das reclusas do Est. Prisional de Tires, muito mais interessados em subir-me para os ombros do que em ouvir as minhas histórias. No caminho de volta ouço pela primeira vez falar da Casa do Gil.

Depois IPO, a seguir Alcoitão e a surpresa de descobrir que não era assim tão difícil estar com aquelas crianças e fazê-las sorrir por um bocadinho. Descobrir dentro de nós esse à-vontade que nos permite esquecermo-nos de nós, dos nossos preconceitos, dos nossos medos e ajudar a tornar uma passagem que pode ser terrível por um hospital em qualquer coisa menos pesada, nem que seja por cinco minutos.

Como aprendiz de contador fiquei surpreendido por voltar a ser escolhido para integrar o “naipe” de contadores da Fundação do Gil, no semestre seguinte. Afinal de contas esse grupo de meia-dúzia era a “nata” da narração oral em Portugal.

Fui ficando e com prazer assisti ao crescimento da Fundação do Gil. A entrada da Margarida Pinto Correia trouxe uma outra exposição mediática, a Casa do Gil tornou-se algo de concreto e não uma miragem, aumentaram os pedidos e os apoios para muitos casos de crianças internadas com necessidade de auxílio a que o Estado não chega. Entraram muitos voluntários, a Hora do Conto também mudou, com muitas caras novas. Chegou o Dia do Gil e a Hora da Música, e chegou tudo isto também aos hospitais do Porto, de Coimbra, de Almada e de Vila Franca de Xira.

O que não mudou foi o prazer de entrar nas pediatrias e de esquecer o mundo lá fora, de me transformar em alguém diferente, de sonhar com eles um dia melhor. Profissionalmente tem sido uma experiência insubstituível, uma aprendizagem a todos os níveis e um enriquecimento pessoal incrível. Por tudo isto não poderia estar mais grato à Fundação do Gil.

Durante vários meses “albergámos” o cantinho do Gil no site d’O Contador de Histórias. Desde há algum tempo já é possível saber (quase) tudo sobre a Fundação em www.fundacaodogil.pt. Estão lá também as dicas para ajudar o Gil a ajudar quem precisa.

Um abraço especial para quem faz mover a máquina: Margarida, Ana, Alexandra, Manuela, Maria Gabriel.

Obrigado

1 Comments:

At 3:38 da manhã, Blogger James Silva said...

Gostaria de parabenizar pelo Blog e disponibilizar o endereço do meu. Divulgarei o seu blog a amigos contadores e nas oficinas que ministro. Abraços,
James Silva
http://contosdetodomundo.blogspot.com/
jamesquartum@ig.com.br

 

Enviar um comentário

<< Home