terça-feira, junho 28, 2005

Palavras Andarilhas

Já é oficial: 22, 23 e 24 de Setembro são as datas das Palavras Andarilhas 2005. Contadores e aprendizes rumam a Beja para três dias de troca de experiências e muita animação. Todos são recebidos com aquele aquele carinho que só há no coração do Alentejo. Quem nunca foi não pode perder este ano. Daqui a pouco tempo há novidades...

Ficamos a contar os dias que faltam...

quinta-feira, junho 23, 2005

Nuno Garcia Lopes entrevistado por Bárbara Guimarães

Passa segunda e terça-feira, 27 e 28 de Junho, a entrevista do Nuno Garcia Lopes no programa "Páginas Soltas", da Sic Notícias.
A conversa com Bárbara Guimarães abordou a parte editorial e as actividades do Grupo O Contador de Histórias, passando necessariamente pelos livros assinados pelo Nuno.
Para conferir, segunda-feira, dia 27, às 20,h30m; terça-feira 28, à 1h30 da madrugada, depois das 10h30 e das 15h30.

quinta-feira, junho 16, 2005

Novidades na página do Contador

Já está disponível uma página com os endereços de alguns locais a não perder na Internet. Ainda não está completa, e quem quiser ajudar nessa tarefa pode enviar sugestões para geral@ocontadordehistorias.com.
Para descobrir em www.ocontadordehistorias.com/links.htm.

É já amanhã...


É já amanhã que começa mais uma maratona de contos e encontro de contadores de histórias em Guadalajara. Ainda não é desta que lá passamos, mas ficam os votos de boas viagens para os nossos amigos que lá vão!

segunda-feira, junho 13, 2005

Eugénio

Poema para o meu amor doente

Hoje roubei todas as rosas dos jardins

e cheguei ao pé de ti de mãos vazias...

Eugénio de Andrade ( As Mãos e os frutos)

sexta-feira, junho 10, 2005

E eles põem flores...

De regresso à blogosfera para assinalar o Dia de Camões... E a melhor forma é mesmo com as palavras de outro grande poeta, Jorge de Sena.


Camões dirige-se aos seus contemporâneos

Podereis roubar-me tudo:

as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.

Jorge de Sena, Trinta Anos de Poesia. Lisboa, Edições 70, 1984

quinta-feira, junho 02, 2005

Dia da criança

Estive ontem com muitas crianças hospitalizadas. Não porque era o Dia da Criança, já o faço habitualmente para a Fundação do Gil.
Uma delas ficou a marcar o compasso do meu dia (de ontem, de hoje e de amanhã certamente). O Brahima tem 14 anos, está internado no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide. É da Guiné, só cá tem a Embaixada do seu país. Veio de emergência, passou pela Estefânea e está no único local onde o podem ajudar, depois de um AVC. Sim, tem 14 anos.
Tentei contar-lhe uma história. Não entende português, os médicos, enfermeiros e restante pessoal também não sabem falar o seu dialecto. Estive com ele alguns minutos, mesmo sem nos entendermos. Sorriu algumas vezes. Já foi qualquer coisa.
O défice, a crise, o desemprego, um país à deriva e todos os nossos dramas de todos os dias. Que felicidade esta de viver em Portugal, um país onde por muitos problemas que tenhamos, pelo menos os pais podem acompanhar os seus filhos nos hospitais, não têm de ir para um país estrangeiro onde não conseguem sequer pedir um copo de água e ser entendidos. Era bom que de vez em quando, entre as nossas lamúrias, pudessemos encontrar 15 minutos para visitar os Brahima's que estão em vários hospitais do nosso país. Não vai resolver os problemas nem deste Portugal nem destas crianças. Mas, certamente, vai trazer mais sorrisos no rosto destes Brahima's que podiam ser os nossos filhos, sem se fazerem entender para pedir um copo de água, num qualquer país estrangeiro.

quarta-feira, junho 01, 2005

Procura o mar dentro das tuas mãos...

Já viu hoje uma flor?

José de Almada Negreiros escreveu algumas das mais belas definições da vida. Uma delas é a que se segue. Para nos lembrar que devemos ver o mundo pelos olhos de uma criança, pelo menos uma vez por ano...

A Flor

Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não está mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas, umas numa direcção, outras noutra; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em algumas linhas que o papel quase que não resistiu. Outras eram tão delicadas que o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as linhas de uma flor! Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor.

José de Almada Negreiros